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quinta-feira, 13 de maio de 2021













 

AUTOR: Gerardo Carvalho Frota (Pardal)


 

A história hoje é a seguinte

Que traz em si um requinte

De um personagem pivô.

Eu quero lhe apresentar

O ilustre deste lugar

O famoso BONDE IOIÔ!

 

Trazido pra Fortaleza

Do sertão por retirante

José Magalhães do Porto

A sua posse garante.

Foi na praia de Iracema

Sua morada doravante.

 

O bode era importante

Quando chegou em Fortaleza

Pela década de 20

E só queria moleza.

Foi uma figura folclórica

Dotado de gentileza.

 

Parecia a globeleza

Desfilando na cidade

Na companhia de boêmios

Com muita ludicidade.

No meio dos escritores

Era personalidade!

 

Carregava a vaidade

De quem se dava valor

Ele não se misturava

Era um bode de pudor.

Era o centro da cidade

Seu preferido setor!

 

Ele era detentor

De respeito pelas praças

Como ele tinha moral

Nunca foi jogado às traças

O máximo que lhe fizeram

Foi lhe dar umas cachaças.

 

Nunca se viu arruaças

Da parte deste caprino

Era um bode comportado

Não era a um animal malino

E por 17 anos

Foi um bode peregrino.

   (******)

Foi cantiga foi canção

De enredo do carnaval

Em 2019

Sapucaí deu o aval

Pois na Escola Tuiuti

Que o bode tornou-se o tal...

 

O bode esteve em jornal

E hoje está no Museu

No Museu do Ceará

Sua fama inda mais cresceu.

Ele está bem empalhado

Pois o bode não morreu.

 

Uma notícia se deu

Na Gazeta de Noticia

Que apresenta o bode ioiô

Merecedor de carícia.

Personagem curiosa

Não figura fictícia...

 

Mas veio a triste notícia

Que ninguém acreditou

Alguém entrou no museu

O rabo dele roubou.

Botaram um rabo postiço

Mas todo mundo notou.

 

Foi figura que ficou

Um símbolo popular

Que os artistas cineastas

Ele veio a inspirar.

“Um bode chamado Ioiô

Que na arte foi estrelar”.

 

Eleito e todo lugar

Mascote de Fortaleza

Era também personagem

Das histórias de proeza

Dos livrinhos infantis

Escritos com sutileza.

 

O bode com sua fineza

Vira peça de museu

Mas continua bem vivo

O seu conceito cresceu.

Ele veio do sertão

E para história nasceu.

 

Depois da morte se deu

Quem tinha que o defendia

Como também aconteceu

Aquele que o ofendia.

Mas isto em qualquer lugar

Tinha sempre esta mania.

 

Pra todos era alegria

Era um animal sociável

Era muito brincalhão

Um bode conciliável.

Sua amizade com todos

Era algo inestimável!

 

Era um animal notável

Pela popularidade

Ele ganhou permissão

De andar pela cidade

Num tempo em que os animais

Não tinham essa liberdade.

 

O nome Ioiô na verdade

Foi por causa das andanças

Lá da Praia de Iracema

Trazendo suas bonanças

Até a praça do Ferreira

Mostrando suas pujanças.

 

Uma de suas nuanças

Era promover o sorriso

Através das brincadeiras

Que fazia de improviso

O povo por meio do bode

Que nunca foi indeciso.

 

Regis Lopes(*) foi preciso

Quanto ao bode assim achava

A peça mais importante

Do Museu que lá estava

Representou a rebeldia

E a ironia que reinava...

 (*******)


 


Era um dos conquistadores

Da moçoila que passava

Levantava com seus chifres

Sua saia e quem gostava

Era o macharal da praça

Que sua vista limpava.

 (*) diretor do Museu do Ceará (2001-2008)

(**) Quiosque nas ruas G.Rocha e F. Peixoto,1887

Precisamos ir atrás

De que o bode ioiô morreu

Uns dizem foi de cirrose

Das cachaças que bebeu.

Outros dizem de enfisema

Das charutadas que deu.

 

Tenho nos estudos meus

Pode ter sido um marido

De uma mulher de quem o bode

Levantou o seu vestido

Assassinou o animal

Por um ato irrefletido...

 

Outro motivo inquirido

Já que era um tempo crítico

Pois no meio da política


Só pensamento raquítico


Dizem que morte do bode

Foi um atentado político.

Fim

Fortaleza(CE), dez./2020 (1ª edição)


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