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domingo, 14 de agosto de 2011

DEFENDENDO O MEIO AMBIENTE ATRAVÉS DO CORDEL

Em 1984, quando estava no segundo semestre de Jornalismo (Universidade Federal do Ceará), teimei em escrever um trabalho, que  chamávamos, na época, de NTI (Nota de Trabalho Individual, hoje a AV2). O certo é que tinha que  ser um trabalho científico. A disciplina era Psicologia Social.Com eu morava na zona mais poluída de Fortaleza, um conjunto habitacional, intitulado Conjunto Industrial. Exatamente dentro da zona industrial, onde a poluição do ar e da água já era muito forte. Pesquisei e vi meninos com coceiras em todo o corpo por causa da poluição. E outros males do intestino e estômago por causa da poluição da água.
Bom. Comecei a fazer o trabalho todo em cordel. A Professora Isolda me sugeriu que eu apenas ilustrasse o trabalho. Ao que , respondei: sua sugestão foi tarde demais, pois o trabalho está praticamente pronto, só faltam as fotografias... A verdade é que escrevi um romance de cordel  de 24 páginas, com as citações exigidas por um trabalho científico, ilustrado com fotografias. Quando entreguei no dia, a professora se rendeu ao grande valor do escrito que pediu que a turma desse uma olhada. Fizeram fila...
Neste romance, faço um abordagem ética do problema ambiental, analiso o problema mostrando as suas causas, com sugestões para uma politica responsável que promova boa convivência entre o progresso e o meio ambiente.

LEIA, APRECIE.   

O SEU COMENTÁRIO É MUITO IMPORTANTE.


CUIDE BEM DA NATUREZA
PRO MUNDO NÃO SE ACABAR

(Trabalho escrito para a disciplina Psicologia Social do Curso de Comunicação Social da UFC – out/1984)



 Autor: Gerardo Carvalho Frota (Pardal)


Juntando “oikos” e “logos”
Dá o termo ecologia
Pois no século atrasado
Seu uso já se fazia
Pelo alemão Ernst Hacckel
Que também o definia.

Vejamos como define
O biólogo alemão
“Ciência que investiga
Do animal a relação
Entre o seu meio ambiente
Seja orgânico ou não”.

A partir dos anos trinta
Foi que desenvolveu
Esta ciência ecológica
Quando então aconteceu
Que estudos independentes
Publicar se resolveu.

No ano quarenta e quatro
O Brasil também surgia
Fazendo sua denúncia
U’a Tese de Ecologia
Em que abordava os cerrados
Mário Ferri defendia.

Portanto há mais de cem anos
Surgiu a ecologia
Fazendo revolução
Em nossa tecnologia
E com isso formulando
Uma nova ideologia.

“Suas leis estão a exigir
Transformações radicais”
Em nossa sociedade
Já que “plantas animais
E os homens se interdependem”
Pra que vivam sempre mais.

Há também outro fator
“Além desta independência
Cada um destes elementos
Exerce uma influência
Sobre todos os demais”
Em toda sua convivência.

A segunda lei nos fala
Que pra ter estabilidade
Ecológica requer
De espécies complexidade
E que sentido só há
Se houver variedade.

A terceira lei nos diz
Que um meio ambiente
Sendo fechado não pode
Pois indefinidamente
Explorar os seus recursos
Por não ser conveniente.

Quem bem conhece estas leis
E faz u’a comparação
Com o que se vê nesta terra
Vai chegar à conclusão
De que quase todas elas
Obedecidas não são.

Meu caro leitor amigo
Eu agora vou falar
Duma triste realidade
Que está a me preocupar
Pois em nome do “progresso”
Tão botando é pra matar

Não sei se vai concordar
O companheiro ao me ler
Mas é mesmo um tanto triste
Quando a gente chega a ver
A poluição no ar
Fazendo o povo morrer.

Antes mesmo de nascer
Morre um montão de crianças
Em Cubatão por exemplo
Poucas são as esperanças
De se ter vida melhor
Sem que haja mais matança.(*)

Tudo isso são ganâncias
De quem pensa ser o dono
Que para ganhar dinheiro
Deixa o povo em abandono
Enquanto há cancerosos
Muitos se sentam no trono!

Nas fábricas perde o sono
Aquele pai de família
Para enricar o empresário
Que a vida é uma maravilha
Parece que tudo indica
Que isto é u’a armadilha!

Enquanto matam novilha
Outros nem comem feijão
E isto não acontece
Apenas em Cubatão
Também em outros lugares
Vê-se triste escravidão.

Não veem que há tanto chão 
Neste grande Território
Eu não sei para que serve
Tanto estudo e palavrório
Acho que querem fazer
Deste mundo um purgatório...

Estudam laboratório
E sabem que só faz mal
O povo morar bem perto
De uma área industrial
Parece ser de propósito
Pra matar o pessoal...

Já que não existe lei
Que proíba construir
Casas perto das Indústrias
Eu aqui vou sugerir
Que na Constituição
Tal  lei venha a existir.

O problema principal
São os males que estão causando
À nossa  Mãe Natureza
Que aos poucos vai se acabando
Se você quer saber mais
Veja a imprensa falando.

Essa “gente grande” tapa
Ouvidos pra não ouvir
Os apelos deste povo
Que está a se consumir
Quando grita por ar puro
Pois não dá pra resistir...

Precisariam sentir
Em sua pele o triste efeito
De viver com a fumaça
Tomando conta do peito
Pois se sentissem fariam
Tudo para dar um jeito.

 (...)

Outra forma alternativa
Pode ser experimentada:
A vida comunitária
Que por muitos adotada
Mas pra isso deve haver
U’a consciência formada.

Vemos que recentemente
Com o aumento do poder
Do avanço tecnológico
A agressão chega a crescer
No âmbito planetário
Que é triste a gente ver.

Nossas forças devem  estar
Preparadas pra tirar
Um proveito desta crise
Para quando se acabar
U’a justa sociedade
Possa aqui se estruturar.

“Todos crêem que saindo
Da esfera capitalista”
E adotando outro sistema
A opção socialista
Mesmo com alguns problemas
Será mais fácil a conquista.


Muito embora o ser humano
Tenha sempre interferido
A Natureza de forma
Que  sempre tem agredido
Os outros seres viventes
Que por isso têm morrido.

Embora o socialismo
Seja uma opção viável
“Inda não se comprovou
Que venha a ser aceitável
Dar à questão ecológica
A solução razoável”.

Este sistema inda corre
Risco de dominação:
A criação duma elite
De técnicos que irão
Controlar todos recursos
E o povo sem decisão.

As novas sociedades
Ecológicas terão
Que ter “um Sistema anárquico”
Sem burocratização
Sem poder centralizado
E sem padronização.
 
“Na  economia terá
Que haver transformações
Valorizando um sistema
De análise reflexões
Dos problemas filosóficos
Das suas realizações”.

Bem como os problemas éticos
Políticos e morais
Que acompanham as ações
Dos homens de capitais
Que na busca do progresso
Vão maltratando os demais.

A superação da crise
“Requer do homem mudanças”
Fundamental de atitude
Pra não haver mais matanças.
Só assim na Natureza
Se renovam as esperanças.

A Terra está poluída
As florestas desmatadas
Pois em nome do progresso
Veem-se tantas derrocadas
E o homem inescrupuloso
Não corrige suas mancadas.


Este meu trabalho teve
Por  real finalidade
Destacar a triste dor
Por que passa a humanidade:
Que é a natureza morrendo
Eis a dura realidade.

Do jeito que as coisas vão
Na certa vai se findar
Toda a vida sobre a terra
E ninguém vai escapar
Cuide bem na natureza
Pro mundo não se acabar!

Fim - out/1984  - revisado em nov/2003 

**************************************************************************************************
  
  Graças ao meu cuidado em ter datilografado em dua vias (com o velho carbono), tive a oportunidade de conquistar o 1º. lugar no concurso promovido pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel, no Rio de Janeiro, um ano antes da ECO-92. O tema era  meio ambiente. Só podia ser...
Para a alegria minha, quando fui receber o prêmio, trouxe na mala os segundo e terceiro lugares para dois poetas cearense: José Caetano e Jotamaro (in memóriam).

Leia e poderá ver que resultou num outro trabalho também interessante.


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A MORTE DA NATUREZA


       AUTOR  Gerardo Carvalho (PARDAL)




Meu caro leitor amigo
Eu agora vou falar
Duma triste realidade
Que está a me preocupar
Pois em nome do “progresso”
Que na verdade é um regresso
Tão botando é pra matar.

Não sei se vai concordar
O colega ao me ler
Mas é mesmo um tanto triste
Quando a gente chegar a ver
A fumaça se alastrando
E o veneno se espalhando
Fazendo o povo morrer...

Antes mesmo de nascer
Morre um montão de crianças
Em Cubatão por exemplo
Poucas são as esperanças
DE se ter vida melhor
Sem que aconteça o pior
Continuando as matanças!

Tudo isso sào ganâncias
Dos que pensam ser os donos
Para ganharem dinheiro
Deixam o povo em abandonos
Enquanto há cancerosos
Estão aí os poderosos
Bem sentandos nos seus tronos.

Enquanto matam novilhas
Outros nem comem feijão
E isto não acontece
Apenas em Cubatão.
Também em outros lugares
Vive gente aos milhares
Nesta triste escravidão...

Não vêem que há tanto chão
Neste imenso território
Não sei para que serve
Tanto estudo e palavrório.
Acho que querem fazer
Pra todo mundo sofrer
Deste mundo um purgatório!

Todo mundo tá sabendo
Que existe poluição
Do lado oposto de fábricas
Mesmo assim há construção
Pois a CAIXA  ou a COHAB
Disto finge que não sabe
Vende casa pro povão!

Estudam laboratório
E sabem que só faz mal
O povo morar bem perto
De uma Área Industrial.
Parece ser este o jeito
Que o governo acha perfeito
Pra matar o pessoal...

Nas fábricas perdem o sono
Aquele pai de família
Pra enricar o empresário
Que a vida é u’a  maravilha
Parece que tudo indica
Que quanto mais ele enrica
Mais aumenta esta armadilha.

Essa “gente grande” tapa
Ouvidos pra não ouvir
Os apelos deste povo
Que está a se consumir
Quando grita por ar puro
Do jeito que está tá duro
Não dá mais pra resistir...

Precisaríamos sentir
Na pele o triste efeito
De viver com a fumaça
Tomando conta do peito.
Pois se sentissem fariam
E logo decidiriam
Com agir pra dar um jeito.

Precisamos sem demora
Resolver a situação
Deste povo tão sofrido
Que a começar do pulmão
Está aos poucos morrendo
E há tempo que vem querendo
Pra sua vida proteção.

O problemas principal
São os males que tão causando
À nossa Mão Natureza
Que aos poucos vai se acabando
Se você quer saber mais
Tá no rádio e nos jornais
Veja a imprensa falando.

Além de a gente sofrer
As mais tristes “conseqüência”
Da grande poluição
Que é forte não há quem vença.
Na terra em cima no ar
E até no fundo do mar
Se vê tudo o que é doença.

Isto é violação
Do direito de viver
Pois o pouco que se exige
É não ter se ter que morrer
Tuberculoso ou drogado
Neste mundo condenado
Sem poder sobreviver...



                                      (...) 


Ninguém vê o atrevimento
Desse homem do dinheiro
Que toma conta de tudo
Que parece um carniceiro.
Isto é desde que levaram
E pela força tomaram
O Pau-Brasil derradeiro...

Tiram da  fauna a beleza
E a flora não escapa
Acho que vai ser preciso
Fazer-se um novo mapa
Do nosso imenso Brasil
Que até o ano dois mil
O F.M.I. vem e rapa...

A superação da crise
Requer do homem mudanças
Fundamental de atitudes
Pra não haver mais matanças
Só assim a Natureza
Recobra a sua beleza
E renova as esperanças...

Este meu trabalho teve
Por real finalidade
Fazer uma breve análise
Desta dura realidade
Onde a ECOLOGIA
Tá passando todo dia
Por grande dificuldade.

                          Fim    -  out/97 (3a edição)  

 

 

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