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terça-feira, 30 de março de 2021

 

ASSIM COMEÇOU A HISTÓRIA DO CEARÁ

(UMA HOMENAGEM AOS 400 ANOS DO CEARÁ)

 

AUTOR: Gerardo Carvalho Frota (Pardal)

 

Um passeio pela história

Este cordel bem fará

Para isso eu sei que Deus

Inspiração me dará

Para eu falar sem enganos

Sobre os quatrocentos anos

Da história do Ceará.

 

Mil quinhentos trinta e quatro

D. João III criou

Algumas capitanias

E entre elas colocou

As terras do Ceará

Terra na qual tudo dá

Foi o que todo mundo achou!

 

Capitania cearense

Não tinha tamanho igual

Eram só quarenta léguas

Ao longo do litoral

Do rio da Cruz (Camocim)

Este era o caminho enfim

No Jaguaribe o final.

 

Antônio Cardoso Barros

O donatário de então

Nunca levou a efeito

Sua colonização.

Franceses aqui chegaram

E com os índios traficaram

Produtos da região.

A capitania ficou

Muito tempo abandonada

Em mil seiscentos e três

A conquista foi pensada

Por Pero Coelho Sousa

Que para fazer tal cousa

U'a patente lhe foi dada.

 

Capitão-mor do Ceará

Era agora sua patente

Residia na Paraíba

O aventureiro valente

Que pra cá se encaminhou

De índios se acompanhou

Com um objetivo em mente.

 

Explorar o rio Jaguaribe

Para o tráfico impedir

Entre franceses e índios

Se por acaso existir.

Sobretudo escravizar

Todo índio do lugar

Pra não ter que resistir.

 

Após travessia penosa

Chegou sua expedição

Na serra da Ibiapaba

Que era ocupada então

Pelos índios Tabajara

Entre eles tinha a cara

De algum francês sabidão

.

Ocorreu que a expedição

Pelos índios foi atacada

E a marcha até o Maranhão

Que devia ser prolongada

Tiveram então que voltar

Para poder capturar

Uma parte da indiada.

             (.....)


À margem do rio Ceará

Fundou uma povoação

De nome Nova Lisboa

Lá deixou uma guarnição.

Pra Paraíba voltava

Pra ver se por lá arranjava

Mais auxílio e proteção.

 

       (....)

 

Deste modo foi frustrada 

A primeira tentativa

De colonizar esta terra 

Vindo outra comitiva.

Em mil seiscentos e sete 

Recomeça o tete a tete

Que o mesmo fim objetiva.

 

Os padres Francisco Pinto

E também Luiz Filgueira

Com a permissão de Botelho 

Ficaram na dianteira

Desta nova expedição

E na Ibiapaba então

Foi a parada primeira.

 

A expedição desses padres 

Foi ali acompanhada

Por uma escolta de indígenas

E a encontrou desabitada 

Boa parte daquela serra. 

Pareceu que foi uma guerra 

Para sobrar quase nada.


A dezessete de outubro

Pro Maranhão viajaram

E no caminho os dois padres

Tocarijás assaltaram 

Resultado deste risco: 

Mataram padre Francisco

E o seu crânio esmigalharam.

 

   (..)

 

Em mil seiscentos e doze

Dia vinte de janeiro

Martim aportou na Barra

Do Ceará por primeiro.

E lá construiu então

Forte São Sebastião

Pra lhe servir de escudeiro.

E já no ano seguinte

Recebeu outra missão

Com Jerônimo Albuquerque

Pra realizar a expulsão

Dos franceses forasteiros

Que fizeram paradeiros

Pra as bandas do Maranhão.

 

Passou pra Estêvão de Campos 

Todo o comando do Forte

E seguiu pro Maranhão

Não tendo então muita sorte.

O barco em que viajava

Com o mar revolto voltava

Para a Espanha errando o norte.

 

No ano de vinte e um

Da era mil e seiscentos

Martim Soares Moreno

Retornou aos seus assentos. 

Reassumiu a capitania

E pouco a pouco a harmonia

Entrou nos contentamentos.

 

A vida colonial

Foi se restabelecendo

A harmonia entre colonos

E os índios foi se fazendo.

Começaram a criar gado

E cana pra todo lado

Foi se plantando e colhendo.


No ano de trinta e um

O capitão foi forçado

A seguir pra Pernambuco

Com seus soldados de lado.

Pois por lá os holandeses

Já tinham por várias vezes

Da terra se apoderado.

 

Martim Soares Moreno

É um nome sempre invocado

Com carinho pelo povo

E até no amor é lembrado

Sobre a lenda de Iracema

Álvaro Martins dá o tema

Com seu verso bem bolado:

 

"Martim Soares Moreno

De cavalheiresco ardor

Por amor a índia bela 

Virgem de morena cor 

Fundou a pátria ditosa

- Terra de gente famosa -

Da liberdade e do amor".

 

Seis anos mais tarde foi

Enviada u'a expedição

Com cento e vinte e seis homens. 

E holandeses com a intenção

De invadir a capitania

E de início tomaria

Forte São Sebastião.


    (...)


Neste tempo invasão branca

No Ceará começou

Pelo litoral primeiro

Pelos sertões se espalhou.

Também a beiras dos rios

Onde grandes desafios

Com os índios se deparou.

 

E assim nosso Ceará

Nasce com luta e destreza

Feito a "loira desposada”

Também surge com beleza

Duzentos e oitenta anos

Entre enganos desenganos

Vai vivendo Fortaleza.

 

Fim - Fortaleza(CE), abr/2006



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