ASSIM COMEÇOU A HISTÓRIA DO CEARÁ
(UMA HOMENAGEM AOS 400 ANOS DO CEARÁ)
AUTOR: Gerardo Carvalho Frota (Pardal)
Um passeio pela história
Este cordel bem fará
Para isso eu sei que Deus
Inspiração me dará
Para eu falar sem enganos
Sobre os quatrocentos anos
Da história do Ceará.
Mil quinhentos trinta e quatro
D. João III criou
Algumas capitanias
E entre elas colocou
As terras do Ceará
Terra na qual tudo dá
Foi o que todo mundo achou!
Capitania cearense
Não tinha tamanho igual
Eram só quarenta léguas
Ao longo do litoral
Do rio da Cruz (Camocim)
Este era o caminho enfim
No Jaguaribe o final.
Antônio Cardoso Barros
O donatário de então
Nunca levou a efeito
Sua colonização.
Franceses aqui chegaram
E com os índios traficaram
Produtos da região.
A capitania ficou
Muito tempo abandonada
Em mil seiscentos e três
A conquista foi pensada
Por Pero Coelho Sousa
Que para fazer tal cousa
U'a patente lhe foi dada.
Capitão-mor do Ceará
Era agora sua patente
Residia na Paraíba
O aventureiro valente
Que pra cá se encaminhou
De índios se acompanhou
Com um objetivo em mente.
Explorar o rio Jaguaribe
Para o tráfico impedir
Entre franceses e índios
Se por acaso existir.
Sobretudo escravizar
Todo índio do lugar
Pra não ter que resistir.
Após travessia penosa
Chegou sua expedição
Na serra da Ibiapaba
Que era ocupada então
Pelos índios Tabajara
Entre eles tinha a cara
De algum francês sabidão
.
Ocorreu que a expedição
Pelos índios foi atacada
E a marcha até o Maranhão
Que devia ser prolongada
Tiveram então que voltar
Para poder capturar
Uma parte da indiada.
À margem do rio Ceará
Fundou uma povoação
De nome Nova Lisboa
Lá deixou uma guarnição.
Pra Paraíba voltava
Pra ver se por lá arranjava
Mais auxílio e proteção.
(....)
Deste modo foi frustrada
A primeira tentativa
De colonizar esta terra
Vindo outra comitiva.
Em mil seiscentos e sete
Recomeça o tete a tete
Que o mesmo fim objetiva.
Os padres Francisco Pinto
E também Luiz Filgueira
Com a permissão de Botelho
Ficaram na dianteira
Desta nova expedição
E na Ibiapaba então
Foi a parada primeira.
A expedição desses padres
Foi ali acompanhada
Por uma escolta de indígenas
E a encontrou desabitada
Boa parte daquela serra.
Pareceu que foi uma guerra
Para sobrar quase nada.
A dezessete de outubro
Pro Maranhão viajaram
E no caminho os dois padres
Tocarijás assaltaram
Resultado deste risco:
Mataram padre Francisco
E o seu crânio esmigalharam.
(..)
Em mil seiscentos e doze
Dia vinte de janeiro
Martim aportou na Barra
Do Ceará por primeiro.
E lá construiu então
Forte São Sebastião
Pra lhe servir de escudeiro.
E já no ano seguinte
Recebeu outra missão
Com Jerônimo Albuquerque
Pra realizar a expulsão
Dos franceses forasteiros
Que fizeram paradeiros
Pra as bandas do Maranhão.
Passou pra Estêvão de Campos
Todo o comando do Forte
E seguiu pro Maranhão
Não tendo então muita sorte.
O barco em que viajava
Com o mar revolto voltava
Para a Espanha errando o norte.
No ano de vinte e um
Da era mil e seiscentos
Martim Soares Moreno
Retornou aos seus assentos.
Reassumiu a capitania
E pouco a pouco a harmonia
Entrou nos contentamentos.
A vida colonial
Foi se restabelecendo
A harmonia entre colonos
E os índios foi se fazendo.
Começaram a criar gado
E cana pra todo lado
Foi se plantando e colhendo.
No ano de trinta e um
O capitão foi forçado
A seguir pra Pernambuco
Com seus soldados de lado.
Pois por lá os holandeses
Já tinham por várias vezes
Da terra se apoderado.
Martim Soares Moreno
É um nome sempre invocado
Com carinho pelo povo
E até no amor é lembrado
Sobre a lenda de Iracema
Álvaro Martins dá o tema
Com seu verso bem bolado:
"Martim Soares Moreno
De cavalheiresco ardor
Por amor a índia bela
Virgem de morena cor
Fundou a pátria ditosa
- Terra de gente famosa -
Da liberdade e do amor".
Seis anos mais tarde foi
Enviada u'a expedição
Com cento e vinte e seis homens.
E holandeses com a intenção
De invadir a capitania
E de início tomaria
Forte São Sebastião.
(...)
Neste tempo invasão branca
No Ceará começou
Pelo litoral primeiro
Pelos sertões se espalhou.
Também a beiras dos rios
Onde grandes desafios
Com os índios se deparou.
E assim nosso Ceará
Nasce com luta e destreza
Feito a "loira desposada”
Também surge com beleza
Duzentos e oitenta anos
Entre enganos desenganos
Vai vivendo Fortaleza.
Fim - Fortaleza(CE), abr/2006
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